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Sobre Mim:

Anderson, nascido em 17 de agosto de 1996 (17 anos), concluiu o Ensino Médio em 2012 e, até então, dedica o tempo ao vestibular - antes, para o curso de direito. É bem caseiro. Por natureza, carioca. Por acaso, blogueiro. Futuramente, estudante de Letras: Português-Literaturas. Talvez, dependendo das mudanças que o tempo proporciona, futuro professor de Língua portuguesa, Literatura e Redação. Como passatempo, escreve. Por amor, viciado em filmes e em livros. Gosta bastante da área de epistemologia, do existencialismo, de epifanias e tem como escritor/escritora preferida a Clarice Lispector.

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"Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras" (Clarice Lispector)

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"A missanga, todos a vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo" (Mia Couto)

Sobre:

"Quanto a mim, só sou verdadeiro quando estou sozinho"

(Clarice Lispector)
"Não sou alegre nem sou triste: sou poeta." (Cecília Meireles)
terça-feira, 24 de dezembro de 2013


   Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

   Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

   Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.

- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deverira haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

- Perder a eternidade? Nunca.

   O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

- Acabou-se o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

   Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.

   Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

   Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

   Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

   Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.


(Clarice Lispector)









segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

(Cecília Meireles)












Chegas,
Sóbria e sombria,
E desocupas em mim
A tua própria sombra.

Agora és a minha própria voz:
Nenhum silêncio nos pode calar.

Falas e acaba o tempo.

E eu escuto-te
Apenas quando te lembro.


(Mia Couto)








domingo, 15 de dezembro de 2013







Cansa-me ser quem serei
Porque em tudo esse outro
Se parece com o que sou.

Cansa-me o adeus de quem nasce.
E a viagem, à nascença, morre de fadiga.

Só a tua lava me lava.
Resto eu em ti
Terra ardendo,
Chão de água e fogo

Abraça-me.
Abrasa-me.


(Mia Couto)








quinta-feira, 5 de dezembro de 2013


   Num dia desses, sonhei com a seguinte coisa: o fim do infinito. Já pararam para pensar na importância que aquilo que não tem limite pode ter? A partir de um sonho que expunha a ausência disso em tudo existente na Terra, fui capaz de perceber. Dizem que a ausência de algo é fundamental para que percebamos a necessidade que aquilo tem, pois quando temos, muitas vezes, não valorizamos. É clichê - eu sei -, mas de uma certa forma é verídico. Eu não valorizava o infinito, pois nunca tinha dado a devida importância à sua existência e essa ausência temporária me permitiu mudar a minha visão. Mesmo sendo difícil descrever um sonho - ainda mais quando o mesmo nasceu em mim ou de mim - juro que tentarei explicar da melhor forma. Para flexibilizar esse processo, darei no próximo parágrafo uma certa preferência da voz narrativa ao sonho em seu momento propriamente dito. Faço questão de lembrar que sonhos são confusos e sem chão até mesmo para quem sonha. Portanto, filtrarei o possível para agarrar e colar aquilo que foi capaz de ser entendido por mim mesmo e que desejo que seja entendido por você.

   O infinito foi extinguido, pois todos os homens do mundo concordaram em adotar sofismos para todas as verdades ainda não concretizadas - X é X porque sim, e fim de papo. Eu era o único que discordava dessa linha de raciocínio e, como se não fosse o bastante, as pessoas tinham a cabeça fechada para qualquer tipo de contra-argumento, o que fazia meus argumentos serem penalizados e inúteis. O pior de tudo era que por eu ser o único do mundo com tal pensamento, fui devastado por condenações ao meu singular de modo que faziam eu mudar de opinião cada vez mais a respeito do assunto. Já pararam também para pensar na força que a maioria pode ter sobre a minoria? Pode chegar ao ponto da segunda escutar a opinião alheia e mudar seus conceitos - não por ter visto a verdade em si, mas por ter visto no outro e artificializado em si, que é bem diferente. No meu caso, por ser tão minoria, nem sei se me permito chamar assim. Prefiro chamar de nada mais nada menos do que de "eu". Tratava-se de uma força tão grande que não me deixava apto a manter, trabalhar e defender meus princípios das pessoas e nem de mim mesmo. Ser o "eu" tornou-se um incômodo. Era uma situação bastante crítica: eu me transformei no meu próprio absurdo. Talvez me assustar com isso seja um pouco imaturo, pois já devo ter feito várias coisas do tipo e, logo, "deveria" estar acostumado. Afinal de contas, parando para fazer uma abordagem mais geral, como saberei quando minha opinião sai de mim e não de um bolo de massas? É muito estranho saber que posso a qualquer momento ignorar ou já estar ignorando o "eu" e não estar sendo o mesmo. E o pior: nunca saber o quando, nem o porquê e nunca ser 100% livre para ser. Clarice Lispector disse: "Depois que aprendi a pensar por mim mesma, nunca mais pensei igual aos outros". Em parte, compartilho. Porém, "nunca mais" pode ser muito tempo. Quem sabe? Eu não sei.

   Neste parágrafo, até pensei em viajar para um outro universo confuso e sem chão: o extremo de um pólo que diz que o infinito acabou de modo que todas as verdades tornaram-se absolutas e foram 100% esclarecidas sem sofismos. Porém, desisti da ideia, pois é na hora de escrever que muitas vezes fico consciente das coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia. Em outras palavras: mesmo tendo repulsão à ignorância, tenho medo de descobrir coisas que desbotem alguns pensamentos bons que tenho a respeito da descoberta e do estabelecimento de todas as verdades como inteiramente completas e livremente indiscutíveis. Muitos chamam de paradoxo; outros, distopia; eus, por ora preferem ignorar e extrair apenas o que pode ser bom (não tenho orgulho disso).

   Tenho muita fixação pela liberdade - seja de qual for o tipo. Tenho o desejo de um dia experimentar me deixar ser sem me arrepender depois - afinal, fico tão encantado com quem se dedica o máximo para ser livre que, logo, quero pelo menos um dia fazer igual. É uma catarse de um futuro que é utópico. Sim, tenho essa noção, sei que é utópico. E o engraçado é eu ficar com medo só por tentar mergulhar em mim mesmo para me conhecer e expandir minha liberdade, pois a proteção que a minha ignorância estabelece pode ser rompida e quebrar o tão idealizado equilíbrio social, afinal de contas. Mas não posso negar que é um anseio. Mesmo havendo doses de covardia, é o que é. E ponto final


terça-feira, 3 de dezembro de 2013


   É evidente as sociedades devem atuar conhecendo e expressando opiniões sobre motivações, interesses e usos de pesquisas científicas. Isso é importante porque a ciência atua na vida do homem. Dentre as principais áreas com resultados de sua eficácia, e que estão constantemente em desenvolvimento, pode-se citar: o meio ambiente, o meio social e as questões psicológicas e singulares de cada indivíduo.

   As ciências - sobretudo as naturais - agem em causas ambientais que são indispensáveis para a manutenção de vida na Terra. Atitudes sustentáveis, por exemplo, atuam economizando custos, gerando empregos e mantendo o equilíbrio ambiental, que participa da manutenção e garante o prolongamento de vidas no planeta. Assim, por serem atitudes práticas e importantes, todos devem participar.

   Além disso, as ciências humanas também são indispensáveis para uma sociedade. Há normas de cada meio social, divididas em ética e moral, que permitem o equilíbrio entre cidadãos e que os mesmo exerçam e reivindiquem seus direitos e deveres. Assim, o homem torna-se capaz de se proteger do principal devastador de sua vida: ele mesmo.

   Também vale ressaltar a importância da arte, que age diretamente nas questões psicológicas de cada indivíduo. De acordo com Aristóteles, pode-se afirmar que a literatura, por exemplo, que não foge do conceito de arte nem do de ciência, faz com que o homem conheça a si mesmo. Com isso, o ser humano é capaz de observar seus erros e de consertar o que for possível, gerado um grupo satisfeito e equilibrado.

   Portanto, para haver avanço na ciência e novos métodos científicos, deve-se ampliar o que já existe. Por uma cabeça pensar melhor que duas, é evidente que com a expansão de colaboradores será mais fácil surgir crescimentos. Sendo assim, pode-se afirmar que um indivíduo é capaz de não ser só mais um dentre os diversos, e sim um hiperônimo tanto de si mesmo quanto de seu meio social.


terça-feira, 26 de novembro de 2013



[!! Atenção: esta é uma postagem sobre coisas inúteis !!]



   Olá, querid(a) leitor(a). Como vai?

   A Tagg já é um pouco antiga. Começou com 5; depois, 10, 20, 25... E agora, já está em 50 fatos. Então é até melhor eu responder logo, porque senão já viu, né? rsrs'

   Também queria comentar que mesmo eu ainda não tendo fugido de uma padronização de conteúdos no meu blog, isso não significa que eu sigo ou seguirei uma linha reta por toda a eternidade. Meu blog é uma espécie de Tudo Junto e Misturado. Sendo assim, gostaria de deixar bem claro - e repetir - que esta é uma postagem inútil de coisas inúteis que mudarão nada na sua vida. Apenas tenho o intuito de compartilhar informações sobre mim para que você me conheça um pouco melhor. Não que minha vida seja interessante, mas... sabe... sempre tem alguém que tá de bobeira na internet ou esperando a comida que tá no fogo ficar pronta e precisa passar o tempo. Então pode ser útil para alguém, né mesmo? Sei lá. Pense nisso...

   Sendo assim, espero que você goste!!  =)

   Vamos aos fatos:



1) Quando criança eu já tive uma saúde péssima e vários tipos de alergia. Ao frio, corante, abacaxi, camarão, etc, etc e etc! Contudo, além de superar as alergias, quase nunca fico doente.  [Já te avisei que seriam coisas inúteis, né mesmo?]

2) Sou uma porta quando o assunto é localização. Quando tenho que ir sozinho e pela primeira vez prum lugar, não é muito difícil haver um Anderson perdido por aí.

3) Sou completamente passional em certas coisas, mas em alguns momentos eu viro a moeda e fico completamente racional. [Não, eu não tenho muito equilíbrio.]

4) Nunca assisti A Lagoa Azul...

5) Sou bibliomaníaco. [Não brinca!...]

6) Quando criança, minha coisa preferida era ler - sobretudo as histórias da Turma da Mônica. Lembro que minha mãe tinha o costume de me deixar em livrarias de shopping enquanto ela fazia compras e afins.

7) Tenho facilidade em encontrar o ponto fraco das pessoas. A sorte é: não sou um babaca.

8) Meu humor pode ir de um extremo ao outro em questão de segundos.

9) Sempre tive o que chamam de espírito de velho. Quando criança, preferia a companhia de pessoas mais velhas (ou bem mais velhas). Por isso, sofria Bullying.

10) Sou estupidamente sentimental e competitivo. A síntese: o adubo.

11) Não curto futebol. Desde que nasci até um tempo, eu era botafoguense por causa do meu pai. Mas só sustentava isso porque todos tinham um time e, logo, eu achava que obviamente também deveria ter. Fui crescendo e percebendo que isso não faz muito sentido.

12) Por ser estupidamente competitivo, já sofri um acidente de bicicleta que fez duas cicatrizes: uma no nariz e uma na testa. Sendo que a da testa ficou/é bem notável. Mas o bom é que eu já gostava bastante de Harry Potter. Então, isso não foi/é um incômodo tão grande pra mim.

13) Sou o caçula temporão.

14) Sou ovolactovegetariano.

15) Nunca quebrei um osso.

16) Não sei gritar. [Sofrerei com isso logo mais... Eu sei...]

17) Sou péssimo para desenhar. [Acho isso triste]

18) Meu escritor/escritora preferido é a Clarice Lispector.

19) Gostaria de saber ser mais vaidoso.

20) Tenho a mania feia e estranha de reparar e decorar para sempre o chuveiro da casa das pessoas. [Já ouvi falar em manias com descargas...]

21) Quando criança, eu tinha uma espécie de teoria sobre Papai-Noel-de-shopping que dizia que eles eram uma farça só pro Shopping ganhar dinheiro, pois o Papai-Noel de verdade nunca apareceria em público e, muito menos, em vários lugares ao mesmo tempo. Talvez eu tenha estragado a infância de algumas pessoas...

22) Já pedi ao Papai-Noel coisas do tipo: um milhão de dólares, uma mochila de carrinho e uma máquina de lavar roupa que funcionasse mesmo aberta... Isso porque eu também tinha uma fixação por máquina de lavar e por ventilador de teto.

23) Só uso perfume quando sou obrigado.

24) Adoro jogos de tabuleiro.

25) Um sonho: superar a timidez.

26) Minha irmã Joice é a "minha pessoa". Diz a biologia que ela é minha prima...

27) Tenho tendências para ser workaholic.

28) Sou idealista e vivo fora de órbita.

29) Fernanda Young consegue facilmente melhorar meu humor.

30) Alguns medos: ser incompetente, acabar solitário e viver uma mesmisse.

31) Sou vingativo.

32) Sei tocar violão e violino.

33) Coruja e gato são os meus animais preferidos.

34) Modéstias à parte: eu cozinho muito bem. =}

35) Tenho um dom: sem precisar de redes sociais, celulares ou coisas do tipo, decoro a data de aniversário de todas as pessoas importantes. Sim, é um dom! Ou você conhece alguém que faz o mesmo (não vale citar sua avó) ??

36) Quando fico triste, fico feliz pelo ponto de estar inspirado a escrever coisas profundas e a mergulhar dentro de meus pensamentos peculiares, aqueles que nem eu conheço ainda. E assim poder me conhecer mais e mais. É uma inflexão intimista é tanto, eu diria. Afinal, não sei vocês, mas a impressão que eu tenho sobre mim é a de que nunca me conhecerei 100%, pois sempre chegam coisas e mais coisas...

37) Não tenho medo de insetos ou de aranhas.

38) Ator ou atriz preferida: páreo-duro entre Meryl Steep e Nicole Kidman.

39) Minha utopia: Um mundo onde as pessoas são capazes de conhecer a elas mesmas e que, consequentemente, são mais pensantes e livres daquilo que é superficial.

40) Tenho problemas com lugares cheios.

41) Um paradoxo: tenho preconceito com pessoas preconceituosas.

42) Adoro, com todas as minhas forças, chocolate e pão de queijo!!

43) Adoro fazer trilhas.

44) Mesmo sendo tímido, adoro cantar bagaceiras em karaokê. Não!, não vale ser música bonita, tem que ser melodrama ou música velha mesmo. Fábio Jr., Roupa Nova,... por aí.

45) Não ando sem celular. Nem quando estou em casa.

46) Adoro presentes. Fico feliz com qualquer coisinha, mas não vá se aproveitar!!

47) Uma mania: quando alguém está falando coisas tediantes, começo a traduzir o que ela fala do português para o inglês. Nem sempre bloqueio minha concentração.

48) Até o início deste ano, eu não falava sozinho. O que aconteceu foi o seguinte: comecei imitando conversas de filmes e jogos em inglês para praticar minha pronúncia. Daí, comecei a falar coisas comigo mesmo em inglês. Depois, fui pro português mesmo. Dizem que gente maluca é coisa séria, né mesmo?

49) Quando criança, já quis ser um McEscravo (sim, do McDonald), pois acreditava que isso me faria ajudar a combater a fome de necessitados. De certa forma, não era um ponto de vista tão errado..., mas eu não receberia o público que tinha/tenho em mente. Enfim, você entendeu o que eu quis dizer! Com o tempo, vi que as coisas não funcionam conforme o que eu tinha em mente.

50) Não tenho medo de falar em público. Isto é, quando eu domino o assunto que estou falando, pois quando tenho que improvisar, a história já é outra...



   Então, caro(a) leitor(a), termino por aqui. Muuuito obrigado por ler até o final. Sei que não foi um post sobre literatura e que foram 50 fatos que têm na-da-de-ú-til para a su-a-vi-da [Quero só ver se vai ser assim quando o estrupício daqui tiver uma pilha de provas pra corrigir]... Mas, enfim, a vida é assim mesmo, né? Às vezes a gente precisa dumas coisas inúteis de vez em quando.

   E, é claro, sinta-se à vontade pra responder a TAG. Faça de 50, 25, 100 ou quantos fatos você quiser.

Abração!!


terça-feira, 19 de novembro de 2013


   Na quinta feira passada (14 de novembro), acordei umas sete horas, com bom humor, com vontade de comer empada de camarão e com uma música na cabeça (só conseguia lembrar a melodia, não lembrava a letra, cantor ou o nome da música).

   Depois de sair do curso de inglês - que fica no Barra Shopping -, resolvi dar uma volta no shopping para, sobretudo, comprar a tão sonhada empada de camarão. Assim fiz. Logo depois, como de costume, resolvi passar nas livrarias (Saraiva, Travessa e Fnac).

   Sabe aquele momento em que, mesmo que não tenha dinheiro, você passa um tempão olhando livros e seus preços? Esse era meu momento na Fnac. Em meio a isso, encontrei um livro de gramática muito lindo - tinha capa dura, uma jacket, espaçamento duplo e, de acordo com o que vinha escrito, era uma gramática COM-PLE-TA. Obviamente, já sabia que o preço seria caríssimo. Mas, como a minha curiosidade quase sempre fala mais alto do que eu mesmo, fui ver o preço naquelas maquininhas. Sem a menor das esperanças, passei o código de barras no leitor e vi que o livro estava de R$98,00 para R$5,00 !!!!!!!! Na hora não acreditei e, então, repeti o processo em mais três máquinas diferentes. Deu a mesma coisa!!! Mesmo assim, não foi o suficiente. Tive que perguntar para uma senhora que trabalha lá na loja:  "Moça, isso daqui é sério ?!!". Ela riu da minha cara e disse que sim. Mas que coisa!! O livro só tinha 5% do preço "original"!! Eu estava de boca aberta! Imediatamente, fui comprar (óbvio!). Minha primeira gramática universitária!! E uma linda história de amor!!! Não me lembro direito, mas acho que é essa da direita. ----->>>>>

   Porém, contudo, todavia, quando fui checar meu dinheiro, eu só tinha R$3,00... Sim, eu gastei na maldita empada o que agora eu precisaria. Sem acreditar, fui correndo buscar dinheiro em casa (nesse caso, pedir míseros R$2,00 para meu pai). Chegando lá, não tinha ninguém. Daí, esperei um tempão para que meu pai chegasse e para que eu fosse correndo voltar lá na livraria logo depois.

   Chegando lá, o livro não estava mais no lugar... Perguntei para um ajudante se ele tinha outro livro daquele. Ele disse que não, aquele da manhã foi o último. Graças à bendita empada de camarão, uma linda futura história de amor foi destruída. Na hora da empolgação, não raciocinei a ponto de pedir que reservassem ou, até mesmo, que eu escondesse o livro numa sessão nada-a-ver. Enfim, visto que não adianta chorar pelo leite derramado, só me resta contar esta história e fazer um esforço para eu achar graça da desgraça.

   Para quem sente a necessidade enxergar uma lição de vida em todas as histórias: se você acordar com vontade de comer empada, passe numa livraria antes.

   E só pra constar: na hora, eu só lembrava que a música mencionada no primeiro parágrafo era uma que todas as crianças cantam em festa de dia dos pais da escola. Uma amiga, então, me ajudou a descobrir que a música era "pai", do Fábio Júnior. Não me pergunte o motivo para que isso estivesse na minha cabeça, não faço a menor ideia.


sábado, 16 de novembro de 2013







   "I'm tired of changing so often, waiting in the waiting rooms, bus stations, train station, airports. I am tired of waiting for endless passport controls. Fast shopping in shopping malls. I am tired of more and more career decisions: museum and gallery openings, endless receptions, standing around with a glass of plain water, pretending that I am interested in conversation. I am tired of my migraine attacks. Lonely hotel room, room service, long distance telephone calls, bad TV movies. I am tired of always falling in love with a wrong man. I am tired of being ashamed of my nose being too big, of my ass being too large, ashamed about war in Yugoslavia. I want to go away. Somewhere so far that I'm unreachable, by fax or telephone. I want to get old, really, really old, so that nothing matters any more. I want to understand and see cleary what is behind all of this. I want not to want anymore."


(Marina Abramović)




quinta-feira, 7 de novembro de 2013



Voz: Aracy Balabanian




   "Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor, SENTIR.

   E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.

   Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentaria na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

   Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu, daria tudo que é meu e confiaria o futuro ao futuro.

   "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.

   No entanto, tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando, porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais."

(Clarice Lispector)









quarta-feira, 6 de novembro de 2013























   "Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos em uma parreira, quis pegá-los, mas não conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: "Estão verdes". Assim também, alguns homens, não conseguindo realizar seus negócios por incapacidade, acusam as circunstâncias."

(Esopo)







sábado, 2 de novembro de 2013






   "Sou uma pessoa muito ocupada: tomo conta do mundo. Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar, e vejo às vezes que as espumas parecem mais brancas que às vezes durante a noite as águas avançaram inquietas, vejo isso pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras de minha rua. Presto atenção se o céu de noite, antes de eu dormir e tomar conta do mundo em forma de sonho, se o céu de noite está estrelado e azul-marinho, porque em certas noites em vez de negro parece azul-marinho. O cosmos me dá muito trabalho, sobretudo porque vejo que Deus é cosmos. Disso eu tomo conta com alguma relutância.

   Observo o menino de uns dez anos, vestindo trapos e magérrimo. Terá futura tuberculose, se é que já não a tem.

   No Jardim Botânico, então, eu fico exaurida, tenho que tomar conta com o olhar das mil plantas e árvores, e sobretudo das vitórias-régias.




   Que se repare que não menciono nenhuma vez as minhas impressões emotivas: lucidamente apenas falo de algumas das milhares de coisas e pessoas de quem eu tomo conta. Também não se trata de um emprego pois dinheiro não ganho por isso. Fico apenas sabendo como é o mundo.

   Se tomar conta do mundo dá trabalho? Sim. E lembro-me de um rosto terrivelmente inexpressível de uma mulher que vi na rua. Tomo conta dos milhares de favelados pelas encostas acima. Observo em mim mesma as mudanças de estação: eu claramente mudo com elas.

   Hão de me perguntar por que tomo conta do mundo: é que nasci assim, incumbida. E sou responsável por tudo o que existe, inclusive pelas guerras e pelos crimes de leso-corpo e lesa-alma. Sou inclusive responsável pelo Deus que está em constante cósmica evolução para melhor.

   Tomo desde criança conta de uma fileira de formigas: elas andam em fila indiana carregado um pedacinho de folha, o que não impede que cada uma, encontrando uma fila de formigas que venha de direção oposta, pare para dizer alguma coisa às outras.



   Li o livro célebre sobre as abelhas, e tomei desde então conta das abelhas, sobretudo da rainha-mãe. As abelhas voam e lidam com flores: isto eu constatei.

   Mas as formigas têm uma cintura muito fininha. Nela, pequena como é, cabe todo um mundo que, se eu não tomar cuidado, me escapa: senso instintivo de organização, linguagem para além do supersônico aos nossos ouvidos, e provavelmente para sentimentos instintivos de amor-sentimento, já que falam. Tomei muito conta das formigas quando era pequena, e agora, que eu queria tanto poder revê-las, não encontro uma. Que não houve matança delas, eu sei porque se tivesse havido eu já teria sabido. Tomar conta do mundo exige também muita paciência: tenho que esperar pelo dia em que me apareça uma formiga. Paciência: observar as flores imperceptivelmente e lentamente se abrindo.

   Só não encontrarei ainda a quem prestar contas."

(Clarice Lispector)









   Hoje, pela manhã, estava indo de ônibus (bendito-não-tão-bendito ônibus) para a casa da minha mãe. Não costumo a dormir em locais públicos (seria medo ou necessidade de autoafirmação de estar acordado?), mas aconteceu. Foi daí que acordei da pior forma possível: uma mãe batendo no próprio filho de modo esdrúxulo (espero ter dado ênfase o suficiente para esse ato medonho). Não sei se vocês concordam, mas para mim, o verdadeiro amor de mãe é insuperavelmente a coisa mais linda que há no mundo. Não estou dizendo que ela não ame verdadeiramente o seu filho, mas a atitude dessa mãe-do-ônibus a obriga a assinar atestados de incompetências tanto como mãe quanto como um ser humano racional que tem a capacidade de impor moral ou de trabalhar a educação do próprio filho com meios procedentes. Com o primeiro tapa, ela assinava o primeiro atestado; com o segundo, assinava o segundo atestado; já do terceiro em diante, era pura vontade de bater. Isso fez a atitude mais esdrúxula o possível. Isso fez a minha revolta. Uma revolta calada. Afinal, não soube o que falar (ou como falar) na hora. Deveria eu falar alguma coisa mesmo? Eu tinha moral o suficiente? Eu saberia resolver conversando? Não. Então deveria ter dado uma surra nessa mãe - seguindo a lógica dela? Deveria ter assinado algum atestado animalesco desses? Como funciona a Lei da Palmada afinal (isso se realmente funciona)?

   O fato é que o Estado precisa atuar mantendo o equilíbrio entre os homens para evitar que eles sofram com os principais devastadores de suas vidas: eles mesmos. A Lei da Palmada deve ser trabalhada para ser efetivamente adicionada no cotidiano, assim como ela foi estabelecida na legislação. Mas, afinal de contas, quem são os responsáveis a fazer isso? Nós - os próprios culpados/vítimas. [?]













   “Aproximou-se da janela, sentiu frio nos ombros nus, olhou a terra onde as plantas viviam quietas. O globo movia-se e ela estava sobre ele de pé. Junto a uma janela, o céu por cima, claro, infinito. Era inútil abrigar-se na dor de cada caso, revoltar-se contra os acontecimentos, porque os fatos eram apenas um rasgão no vestido, de novo a seta muda indicando o fundo das coisas, um rio que seca e deixa ver o leito nu.



   A frescura da tarde arrepiou sua pele, Joana não conseguiu pensar nitidamente – havia alguma coisa no jardim que a deslocava para fora de seu centro, fazia-a vacilar... Ficou sobreaviso. Algo tenta mover-se dentro dela, respondendo, e pelas paredes escuras de seu corpo subiam ondas leves, frescas, antigas. Quase assustada, quis trazer a sensação à consciência, porém cada vez mais era arrastada para trás numa doce vertigem, por dedos suaves. Como se fosse de manhã. Perscrutou-se, subitamente atenta como se tivesse avançado demais. De manhã?

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   De manhã. Onde estivera alguma vez, em que terra estranha e milagrosa já pousara para agora sentir-lhe o perfume? Folhas secas sobre a terra úmida. O coração apertou-se-lhe devagar, abriu-se, ela não respirou um momento esperando... Era de manhã, sabia que era de manhã... Recuando como pela mão frágil de uma criança, ouviu, abafando como em sonho, galinhas arranhando a terra. Uma terra quente, seca... o relógio batendo tin-dlen...tin...dlen... o sol chovendo em pequenas rosas amarelas e vermelhas sobre as casas... Deus, o que era aquilo senão ela mesma? mas quando? não sempre...




   As ondas Cor-de-rosa escureciam, o sonho fugia. Que foi que perdi? que foi que perdi? Não era Otávio, já longe, não era o amante, o homem infeliz nunca existira. Ocorreu-lhe que este deveria estar preso, afastou o pensamento impaciente, fugindo, precipitado-se... Como se tudo participasse da mesma loucura, ouviu subitamente um galo próximo lançar seu grito violento e solitário. Mas não é de madrugada, disse trêmula, alisando a testa fria... O galo não sabia que ia morrer! O galo não sabia que ia morrer! Sim, sim: papai que é que eu faço? Ah, perdera o compasso de um minueto... Sim... o relógio batera tin-dlen, ela erguera-se na ponta dos pés e o mundo girava muito mais leve naquele momento. Havia flores em alguma parte? e uma grande vontade de se dissolver até misturar seus fios com o começo das coisas. Formar uma só substância, rósea e branda – respirando mansamente como um ventre que se ergue e se abaixa, que se ergue e se abaixa... (...)”

(Clarice Lispector)









sexta-feira, 1 de novembro de 2013





   Fico bastante chateado quando dizem que quem prefere ou, até mesmo, apenas faz o simples uso da cultura estrangeira desvaloriza a nacional.

   “Marcelo acha que Ana é mais bonita que Maria”. Isso, portanto, significa que Marcelo não acha ou poderia achar que a Maria é bonita também? Se ele batesse no peito e dissesse que a Maria é feia, aumentaria a beleza da Ana?

   É evidente que há pessoas que ignoram a cultura do Brasil. Em muitos casos, são pessoas que não têm o conhecimento necessário para tirar essa conclusão, pois se limitam ao estrangeirismo. Para resolver isso, entra, por exemplo, a participação do professor de literatura brasileira. Este atuará apresentando o mundo dessa literatura aos alunos, que precisam conhecer e desenvolver senso crítico sobre o assunto e, é claro, fazer valer a liberdade de efetuar escolhas - não viver em uma bolha ilogicamente.

   Outro ponto evidente é que o Brasil, muitas vezes, sofre com a homogeneização de si mesmo. Assim, necessita da intervenção estrangeira para reverter o processo. Não devemos encarar isso como inferioridade ou uma “subordinação do mal”, pois o Brasil é singular; o outro abrange o resto do mundo – é plural. Se você considera relevante o fenômeno do “mas o outro também é”, saiba que, nesse aspecto, não há país de cultura autossuficiente (falo pelo meu desconhecimento de haver um e, portanto, peço encarecidamente que prove que estou errado se eu estiver).

   Acho entristecedor saber que tem gente que faz questão de bater no peito e dizer não a uma música internacional, ao Bukowski ou a um "Halloween da vida" achando que esse é o meio de resolver a questão da negligência que, de fato, infelizmente existe para com a cultura nacional. Como se fosse uma questão de equilíbrio em uma “balança de dois braços” em que só um lado sairia ganhando.







   O fato é que a nossa cultura foi formada por uma síntese que teve, também, incrementações estrangeiras. Isso não significa inferiorização, mas uma mistura que só a gente teve e foi capaz de estabelecer. Tudo se trata de uma "balança sem braços" cujos pesos das diversas massas resultam em um só – um peso de conjunto harmônico. Uma mistura que, de certa forma, foi feita pelo brasileiro para o Brasil.

   Maria poderia ser a mais bonita para o João e para o Pedro. Em um dia de inverno, talvez fosse, até mesmo, a mais bonita para o tal Marcelo. Os três são livres para fazer escolhas sobre um ponto que é completamente pessoal.




quinta-feira, 31 de outubro de 2013




"Meia noite. Ao meu quarto me recolho.

Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.



"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!



Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!



A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!"

(Augusto dos Anjos)